09 de Agosto, 2009
Ainda sobre o consumo de frutose, ou como “não é nada boa ideia comer fruta livremente”
Autor: O Primitivo. Categoria: Dieta| Mitos| Primitivos
Vídeo: High Fructose Corn Syrup Is AWESOME.
Em Maio/2009, passei pelo Fórum da Men’s Health e escrevi por lá algumas coisas. Relativamente ao consumo de fruta, deixei o comentário que transcrevo abaixo, o qual consta do tópico AJUDA (preciso de criticas de gente entendida). Este comentário é somente um complemento ao artigo anterior, “A verdade Amarga sobre o Açúcar”, com algumas pistas no que respeita ao aspecto evolucionário do consumo de fruta. Apenas para resumir, e já agora aproveito para criticar um bocado mais as autoridades de saúde modernas (é dos meus desportos favoritos), aquela recomendação "Coma mais fruta e vegetais" pode, em certa medida, ser nociva para a saúde. Sim, isso mesmo, porque a fruta em excesso (e excesso representa tudo o que seja acima do consumo paleolítico, ditado pela escassez, pelas estações e pelo clima), tal como estamos a ver agora, não faz tanto bem à saúde como se proclama. Já agora, convém referir que o Dr. Atkins dizia que uma pessoa em dieta deveria eliminar ou reduzir a fruta, e foi ridicularizado por isso, pelos "especialistas" da época, que não mudaram muito até hoje. E também dizer que outra (entre inúmeras!) desvantagem dos vegetarianismos/ crudivorismos é justamente este excessivo consumo de fruta "saudável". Por tudo isto, essa frase de conveniência, esse mantra da moderna nutrição, "Coma mais fruta e vegetais", deveria ser transformada em "Coma mais vegetais e fruta moderadamente", portanto, vegetais em primeiro lugar, e fruta secundariamente. Mas nunca o contrário, para não dar a ideia de que fruta deve ser consumida livremente. Quem desenvolve esta questão do mito da "fruta saudável" é o ultra-céptico (tenho uma simpatia especial por cépticos) Barry Groves, no seu livro Trick And Treat - how ‘healthy eating’ is making us ill.
Comentário no Fórum Mens Health
O problema acaba por ser sempre o mesmo: pensa no paradigma evolucionário, tenta tê-lo sempre por base do teu pensamento. As frutas que hoje consumimos, e as quantidades em que as consumimos, nada têm a haver com os frutos com que evoluímos durante os tais milhões de anos. A actual fruta moderna foi, toda ela, seleccionada apenas no último século, com base num critério essencialmente de "doçura", que é o mesmo que dizer da maior quantidade de frutose, que proporciona mais carga glicémica. "A fruta mais saborosa é a mais doce", não é? Em tempos paleolíticos tínhamos acesso esporádico e sasonal essencialmente a bagas/frutos silvestres, porventura raros e nem sempre disponíveis. Hoje consumimos qualquer tipo fruta, em qualquer época do ano, importada de qualquer parte do planeta. Ao consumir fruta no inverno estamos a dar ao nosso corpo a mensagem errada de que é verão, portanto época de armazenar tecido adiposo! É importante reter este conceito: verão significa armazenas gordura para o inverno. É um mecanismo de sobrevivência gravado na nossa genética, não há volta a dar. Comendo muita fruta moderna, em conjunção com o infame HFCS, colocamos o nosso corpo sobre uma carga glicémica invulgar, e que não é metabolizada da mesma forma que os amidos/açúcares simples do esparguete/arroz. A frutose é armazenada no fígado onde estimula a produção de glicerol/triglicéridos, faz aumentar as VLDL e até o ácido úrico. Dependendo da carga de frutose, isto modifica o perfíl lipídico e incrementa o risco cardiovascular. Também degrada o metabolismo da glucose, diminui sensibilidade à insulina, etc., enquanto que os HC complexos/simples são armazenados no "maior espaço" músculos sob a forma de glicogénio. São percursos metabólicos diferentes e as capacidades de armazenagem são também diferentes. Não tenho valores presentes, mas penso que de glicogénio muscular armazenamos umas 600 gr e de hepático serão umas 200 gr, ou coisa parecida, dependendo do indivíduo. Podes dizer que "o veneno está na dose", e está sempre. Dietas com mais de 20% da energia em frutose fazem aumentar a resistência à insulina em humanos hiperinsulinémicos (por exemplo, cerca de 25% dos portugueses têm insulina acima de 11.5 microUI/dl), dietas com mais de 1000 kcal/dia de frutose em humanos saudáveis idem. A moderna recomendação "coma muita fruta e vegetais" não faz grande sentido. Pode ser muito útil comer bastantes folhosas/vegetais, pelos nutrientes e para alcalinizar, mas comer muita fruta não é completamente diferente. O inteligente Dr. Atkins coitado, dizia e com razão que não é boa ideia comer muita fruta; muitos vegetais sim, mas não fruta. Há atletas culturistas que simplesmente se recusam a consumir frutose/fruta. Mais uma vez, onde está o bom senso em tudo isto? Podemos dar preferência aos frutos de baixa carga glicémica, como morangos, bagas, maçãs, etc. Contribuem positivamente para o balanço ácido-alcalino, possuem vitaminas/antioxidantes importantes, fibra alimentar, etc. Comer 1 ou 2 peças de fruta por dia é certamente boa ideia, mas beber 3 copos de sumo de laranja "saudável" por dia, produzidos a partir de umas 10 laranjas, certamente não será boa ideia.
Alguns artigos relacionados:
http://www.nutritionandmetabolism.co…3-7075-2-5.pdf
The Heart Scan Blog: Are you addicted to fructose?
Whole Health Source: Fructose vs. Glucose Showdown
Whole Health Source: How to Give a Rat Metabolic Syndrome
Whole Health Source: Leptin Resistance and Sugar
http://www.thepaleodiet.com/articles…es%20Final.pdf
http://www.thepaleodiet.com/articles…er%20Final.pdfFonte: Fórum Mens Health.