17 de Fevereiro, 2009
A importância dos ácidos gordos ómega-3 no desporto explicada por Pedro Bastos, membro do grupo de investigação da paleodieta
Fonte: Ácidos Gordos Ómega-3 no Desporto,
por Pedro Bastos (2008).
No seu artigo "Ácidos Gordos Ómega-3 no Desporto", publicado na revista Nutrição, Saúde e Performance, o investigador português Pedro Bastos (*), que integra o grupo do Institute of Paleolithic Nutrition, coordenado pelo Dr. Loren Cordain, fala-nos da importância dos ácidos gordos ómega-3 no desporto. Nele começa por explicar que, apesar de existirem vários estudos nutricionais analisando a importância dos AG ómega-3, os quais evidenciam claras vantagens no que respeita à protecção cardiovascular, que ocorre a vários níveis, diminuição do risco de morte súbida, protecção contra doenças auto-imunes, osteoporose, doenças oncológicas e até psiquiátricas, foram poucos os trabalhos que abordaram o seu uso no desporto.
Para explicar a relevância dos ácidos gordos ómega-3 no desporto, Pedro Bastos faz uma passagem pela bioquímica dos AG poliinsaturados, tendo por base a cascata de ácidos gordos essenciais, um esquema simplificado de síntese de eicosanóides e a cascata do ácido araquidónico (AA), e estabelece relação com as lesões musculares e o processo inflamatório associado. Ora, verifica-se que a quantidade sintetizada de eicosanóides pró-inflamatórios depende da quantidade de AA na membrana celular, bastando pequenos incrementos deste para que a produção de eicosanóides aumente.
É também realçada a importância do equilíbrio entre ácidos gordos ómega-3 e ómega-6 na dieta, o qual não se verificando resulta na indesejada promoção de um fenótipo mais ou menos inflamatório. Após referir, de forma sintética, as conclusões de inúmeros trabalhos fazendo uso de AG ómega-3 em diversas condições clínicas, como a artitre reumatóide, a psoríase, doenças intestinais inflamatórias, nefropatias mediadas por IgA e a asma, o artigo centra-se então nas vantagens dos AG ómega-3 no desporto.
A respeito do desporto é explicado que, em meio atlético, a suplementação com óleo de peixe já demonstrou o seu efeito benéfico, por exemplo como supressor na broncoconstrição induzida pelo exercício em atletas, sendo expectáveis também outros possíveis benefícios, tais como incremento da circulação, promotora do afluxo de O2 e de sangue aos tecidos musculares. Com efeito, são citados vários estudos que demonstraram vantagens do uso de AG ómega-3 em indivíduos com doença cardiovascular sujeitos a um programa de exercícios.
O artigo começa por concluir que os AG influenciam múltiplos aspectos da fisiologia humana, realçando que qualquer programa nutricional para atletas deve prestar atenção à quantidade total de ómega-3, bem como ao equilíbrio com os seus antagonistas, os AG ómega-6. Com efeito, porque rácios entre AG ómega-6 e ómega-3 superiores a 4:1 podem ter consequências adversas para a saúde humana e também porque, em certo momento da evolução humana, por termos incorporado na nossa dieta fontes de ómega-3, teremos perdido alguma capacidade de síntese dos mesmos.
Pedro Bastos termina concluindo que, em termos práticos, é necessário primeiramente aumentar a ingestão de sementes de linhaça e de peixes gordos, como a sardinha e a cavala. E em segundo lugar é necessário reduzir-se o consumo de óleos vegetais ricos em ácido linoleico, à excepção do azeite, que pode actuar em sinergia com os ácidos EPA e DHA na diminuição da inflamação, e optar-se pela carne e ovos de animais alimentados com vegetais, em detrimento dos alimentados à base cereais.
O artigo de Pedro Bastos está disponível para download aqui: acidos-gordos-omega3-no-desporto-pbastos.pdf (654 kb).
(*) - Pedro Bastos é membro da New York Academy of Sciences, da International Society for the Study of Fatty Acids and Lipids e da International Society of Sports Nutrition, e está actualmente a terminar o seu mestrado em Nutrição e Dietética através da Fundación Universitaria Iberoamericana (Espanha), com uma tese intitulada "O papel do Leite e seus Derivados na Saúde Humana".
Possui pós-graduação em Exercício e Saúde pela ESDRM (Escola Superior de Desporto de Rio Maior, Portugal), onde estudou o papel do exercício em pacientes transplantados e também obteve certificação como Personal Trainer. Está igualmente certificado como Instrutor de Musculação e Cardiofitness pelo CEF (Centro de Estudos Fitness) e pelo CEFAD (Centro de Estudos e Formação de Actividades Desportivas), duas escolas portuguesas de fitness.
Entre 2001 e 2004 trabalhou como Instrutor de Musculação e Cardiofitness, bem como Treinador Pessoal, no Health Clube Squash Soleil, em Lisboa.
Desde 2005 contribui regularmente com diversas publicações de saúde e fitness portuguesas, e dá palestras em convenções nacionais e internacionais, simpósios e conferências, acerca de tópicos relacionados a nutrição, saúde e performance. A sua linha de investigação mais recente centra-se no leite e seus derivados, tendo realizado apresentações neste tópico no 1º Congresso Ibérico Anual sobre Medicina Anti-Envelhecimento e Tecnologias Biomédicas, que decorreu no Estoril, Portugal, em Maio de 2008, e no Congresso Internacional de Nutrição Clínica Funcional, em São Paulo, no Brasil, em Julho de 2007.
Actualmente é consultor em ciências da nutrição, para algumas empresas e clínicas médicas em Portugal e no Brasil, sendo ainda membro do conselho editorial do jornal de nutrição técnico brasileiro Nutrição, Saúde e Performance, editado pela VP Consultoria Nutricional.