19 de Junho, 2011
Estudo CERCO-Cetogénese ERedução de Comorbilidades da Obesidade, conduzido pelo Dr. Themudo Barata
Vídeo: Lição 3 - Prof. Dr. Themudo Barata, especialista em obesidade.
Estudo CERCO-Cetogénese ERedução de Comorbilidades da Obesidade
O vídeo acima, onde o Dr. Themudo Barata, autor do livro "Actividade Física e Medicina Moderna" (recomendado), fala de obesidade visceral, encontra-se na página da Danacol Reduz o Colesterol, onde recomendam o evitamento das coisas que (dizem que) elevam o colesterol. Em oposição a isto, na sua consulta de obesidade, no Centro Hospitalar da Cova da Beira, utiliza dietas cetogénicas (restrição severa de hidratos de carbono), as tais que dizem que elevam colesterol, em doentes obesos que falharam em todas as outras dietas. Olhe para os resultados extraordinários deste Estudo CERCO, o qual foi provavelmente patrocinado pelo Laboratório Francediet, infelizmente sem grupo de controlo para estabelecer comparação com as tradicionais dietas low-fat. Para quem participou no estudo, todos eles tendo perdido cerca de 20 kg em 4 meses, isto certamente foi um pormenor irrelevante. E ninguém agravou a dislipidémia, bem pelo contrário. A primeira fase do ensaio parece-me similar à chamada Protein Sparing Modified Fast. Não há dúvida que funciona, e com vantagens óbvias para os envolvidos que queriam perder peso. Todo o artigo está muito bem escrito, tecnicamente rigoroso, e com a preocupação de não ferir as susceptibilidades dos demais "especialistas" em obesidade. "Pela primeira vez em Portugal foi aprovada cientificamente a eficácia e segurança de um plano alimentar hipocalórico com refeições hiperproteicas", não esquecendo pois claro que as perdas de peso também resultaram de andar muito a pé. Depois deste estudo absolutamente pioneiro, acho que as comparações com o Dr. Robert Atkins, uma personalidade temida no mundo da nutrição, serão inevitáveis. A restrição de hidratos de carbono neolíticos (dieta low-carb) de facto funciona, em especial em indivíduos insulino-resistentes. Há que abandonar os mitos de vez e olhar para este tipo de resultados clínicos, que saltam à vista mesmo dos mais cépticos.
Download: 12_Dietas_Hipoglucidas_Hipoproteicas_Obesidade_Grave.pdf
Download: estudoclinicoweb.pdf
Fonte: Laboratório Francediet.
Endocrinologia, Diabetes & Obesidade Vol. 3, Nº 2, Mar/Abr 2009
Dietas hipoglucídicas hiperproteicas na obesidade grave e suas comorbilidades Estudo CERCO: Cetogénese e redução de comorbilidades na obesidade (pdf)
JL Themudo Barata (1), Cecília Vilaça (2), Rita Aleixo (2), Hugo Oliveira (2), Margarida Proença (3), Ana Monteiro (3), Conceição Faria (4)
1-Médico Director do Serviço de Nutrição e Actividade Física (SNAF) e da Consulta de Obesidade do Centro Hospitalar da Cova da Beira. Professor da Faculdade de Medicina da UBI. 2-Interna/o do Ano Comum de Medicina do Centro Hospitalar da Cova da Beira. 3-Nutricionista do Serviço de Nutrição e Actividade Física do Centro Hospitalar da Cova da Beira. 4-Médica Directora do Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar da Cova da Beira.Sumário
As dietas hipoglucídicas (DHG) são uma alternativa a considerar no tratamento dos obesos resistentes às medidas convencionais e que necessitam de perdas ponderais significativas. Para evitar as dislipidémias e para minimizar a perda de massa muscular as DHG deverão ser também Hiperproteicas (HP) e não Hiperlipídicas (HL). Foram sujeitos a uma Dieta HipoGlucídica HiperProteica (DHGHP) 16 homens de 49,6±14,8 anos, dos quais sete eram hipertensos, cinco tinham Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) já fase de CPAP e um era diabético e, 16 mulheres de 47,7±11,3 anos, das quais sete eram hipertensas, uma tinha SAOS e duas eram diabéticas. Sete doentes abandonaram o estudo, uma por gravidez e seis por terem faltado a mais do máximo permitido de faltas (duas sessões ou avaliações). Nos homens os valores iniciais e finais foram respectivamente de: 108,9±16,7 vs 88,3±14,1 kg, IMC=38.8±4.3 vs 31,2±4,2 kg.m-2, cintura=122,1±10,1 vs 104,7±10,7 cm, massa gorda medida pelas equações de Tran & Weltman=36,6±1,8% vs 28,3±10,0% e por Bio-Impedância de 34,3±4,6%vs 19,2±7,7%. Nas mulheres foram, pela mesma ordem de 93,7±12,1 vs 71,2±22,7 kg, IMC=38,6 ±4,8 vs 29,1±9,1 kg.m-2, cintura=120,9±9,6 vs 104,5±9,3 cm e massa gorda pelos mesmos critérios de 50,4±4,9% vs 39,4±6,0% e 44,9±3,7% vs 36,2±4,6%. Todas estas diferenças foram estatisticamente significativas. No primeiro mês (Fase 1) os homens ingeriram uma média 800 a 1000 kcal e as mulheres de 600 a 800 kcal, constando de 70 a 100 gr/dia de proteínas, 30±5 gr de glúcidos, 20±5 gr de gordura, em refeições liofilizadas ou sólidas fornecidas graciosamente, com expressa renúncia a qualquer outro consumo. Em termos de percentagens de macronutrientes, estes valores corresponderam aproximadamente a 20% de glúcidos, 30% de gorduras e 50% de proteínas. Ingeriram à vontade hortícolas duma lista fornecida e foram suplementados com vitaminas, minerais e oligoelementos. Gradualmente, o regime foi-se tornando menos restritivo, com reintrodução de alimentação natural, de acordo com o seguinte esquema: - no segundo mês (Fase 2.a) a refeição artificial do almoço deu lugar a 150 a 200 gramas de peixe ou carnes magras e foi alargada a lista de legumes permitidos; - no terceiro mês (Fase 2.b) o mesmo aconteceu também com o jantar. No quarto mês foram introduzidos os glúcidos, num máximo de 50 gramas por dia, em duas das refeições. A partir do quarto mês começou a fase de manutenção, actualmente a decorrer ao longo de dois anos. Nesta fase foi proposto a cada participante um plano nutricionalmente mais “equilibrado”, caloricamente adaptado às suas necessidades energéticas, em função do peso obtido e dos níveis de actividade física média previstos. Este esquema alimentar e suas variantes caloricamente equivalentes foi sendo explicado ao longo de sessões semanais nos primeiros quatro meses. Houve melhoria clínica e estatisticamente significativa da pressão arterial, da SAOS, do perfil lipídico, da glicémia e da sensibilidade à insulina avaliada pelo HOMA e pela relação glucose/insulina. Os efeitos adversos foram cefaleias e astenia auto-limitados aos primeiros três dias, enfraquecimento ungueal e capilar capilar e obstipação moderada, tendo havido dois casos de gota úrica. Houve uma ligeira diminuição do ferro e das proteínas plasmáticas. Não houve alterações renais, hepáticas ou outras laboratoriais. Em conclusão, esta DHGHP revelouse muito eficaz, segura e bem tolerada nesta população de obesos graves com comorbilidades importantes.
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. Tese de Mestrado. Set/2008.
Dietas hipoglucídicas e hiperproteicas: efeitos na sensibilidade à insulina em adultos pré-obesos/obesos (pdf)
Cecília Teresa Pinheiro Vilaça
Dissertação submetida à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior para obtenção do Grau de Mestre em Medicina. Orientador: Prof. Doutor José Luís Ribeiro Themudo Barata
Introdução - Actualmente muito se tem escrito no que respeita à segurança e à eficácia de algumas abordagens terapêuticas para o controlo da obesidade e suas comorbilidade associadas, sendo várias as opiniões contraditórias. Através desta Monografia pretendeu-se realizar uma revisão bibliográfica dos efeitos da utilização de uma Dieta Hipoglucídica (HG) e Hiperproteica, uma abordagem ainda pouco convencional mas que tem sido alvo de diversos estudos, na sensibilidade à insulina, factor de risco cardiovascular.
Objectivos - Os principais objectivos desta dissertação foram: 1) sistematizar as alterações que ocorrem na sensibilidade à insulina em resposta à instituição de uma dieta HG; 2) avaliar se essas alterações concorrem para a melhoria da sensibilidade à insulina e para a diminuição do risco cardiovascular; 3) determinar se uma dieta com restrição glucídica é mais eficaz na melhoria da sensibilidade à insulina, do que as dietas hipolipídicas recomendadas pela maioria da Comunidade Científica. Pretendeu-se, por fim, fazer uma breve revisão sobre as dietas HG na Síndrome Metabólica. Métodos – Realizou-se uma pesquisa electrónica no Cochrane, Pubmed, Medline, Google Scholar e Medscape e em alguns sites de entidades nacionais e internacionais relacionadas com a obesidade e a diabetes, tendo-se seleccionado 188 artigos para a elaboração desta dissertação.
Discussão/Conclusão - Após a análise dos estudos seleccionados, constatou-se que existem diferenças significativas entre a maioria no que concerne ao seu desenho: diferentes durações, grande variação do tamanho das amostras, diferentes condições metabólicas basais intra e inter-estudos, nomeadamente no que respeita à sensibilidade à insulina, utilização de diferentes metodologias para determinar a sensibilidade à insulina. Contudo, é possível inferir que na maioria dos estudos há redução da razão TAG/HDL (triacilgliceróis/high density lipoproteins), diminuição da glicemia (sobretudo em indivíduos diabéticos) e da insulinémia, redução da medicação hipoglicemiante, parâmetros associados à melhoria da sensibilidade à insulina. As dietas hipoglucídicas com baixo teor lipídico são descritas como sendo pelo menos tão eficazes como as dietas hipolipídicas na melhoria da sensibilidade à insulina. Observa-se que este efeito positivo é potenciado se a dieta, para além de hipoglucídica, for hipocalórica, hiperproteica e com baixo teor de lípidos.
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. Tese de Mestrado. Jul/2008.
Modificações do Perfil Lipídico Induzidas por um Regime Hipoglucídico (pdf)
Ana Rita Reis Aleixo
Tese de Mestrado em Medicina na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior
Sumário
Existem actualmente inúmeras ideias contraditórias no que concerne à eficácia e segurança de algumas abordagens terapêuticas alternativas para o controle da obesidade e suas comorbilidades. Com esta Monografia pretendeu-se fazer uma revisão bibliográfica do impacto de um Regime Hipoglucídico, uma das terapêuticas menos convencionais mais em voga, no Perfil Lipídico, um dos parâmetros constituintes do Risco Cardiovascular. Os principais objectivos foram 1) a sistematização das alterações que ocorrem no perfil lipídico, 2) avaliar se as alterações vão no sentido de uma melhoria do perfil lipídico e, consequentemente, da diminuição do risco cardiovascular e se 3) são mais eficazes na melhoria do perfil lipídico do que as induzidas por uma dieta hipolipídica. Pretendeu-se ainda fazer uma breve revisão sobre a obesidade e as suas abordagens terapêuticas, bem como sobre as dietas hipoglucídicas. Para isso, efectuou-se uma pesquisa electrónica no PubMed, Medline, Medscape, Google Scholar e Cochrane, e em alguns sites das principais entidades nacionais e internacionais relacionadas com a obesidade, tendo-se seleccionado 83 artigos para a elaboração desta tese. Após a análise destes observou-se que os regimes hipoglucídicos provocam a redução acentuada dos triacilgliceróis (TAG), o aumento do HDL e alterações do tipo das partículas de LDL de pequenas e densas para grandes e leves, pelo que se conclui serem de facto eficazes na melhoria do perfil lipídico. Observou-se ainda que esta eficácia aumenta se o regime hipoglucídico se caracterizar também por ser hipocalórico, com baixo teor de lípidos (os quais devem ser predominantemente monoinsaturados) e alto teor proteico, e ainda com suplementação de ácidos gordos essenciais. Observou-se que as dietas hipoglucídicas são descritas como tão ou mais eficazes do que as hipolipídicas na melhoria do perfil lipídico, num regime hipoglucídico que não contenha uma elevada percentagem de gordura. Num contexto a curto-prazo, estes regimes são descritos como eficazes e seguros. Conclui-se, assim, que é razoável sugerir um regime hipoglucídico como alternativa para alguns indivíduos que necessitam de melhorar o perfil lipídico. É, todavia, essencial que exista um acompanhamento especializado durante todo o processo. É também imperativa a realização de estudos que avaliem os benefícios na diminuição da aterogenicidade lipídica e a segurança destas dietas a longo prazo, por ser uma área com muito pouca evidência acumulada.
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. Tese de Mestrado Integrado em Medicina. Jun/2008.
Efeitos de uma Dieta Hiperproteica a Nível Renal (rar)
Hugo Manuel Pedrosa de Oliveira
Sumário
Apesar de já existirem há vários anos, a popularidade das dietas hiperproteicas tem vindo a aumentar devido às proporções epidémicas da obesidade a nível mundial. Mesmo com o seu uso generalizado, existem preocupações válidas de que estas dietas possam induzir alteração clinicamente importantes a nível da função e da saúde renal. O uso destas dieta têm sido correlacionado com hiperfiltração glomerular e hiperemia, aceleração do declínio de doença renal crónica, aumento da proteinúria, da diurese, da natriurese e da kaliurese com alterações da tensão arterial associadas, com risco aumentado de litiase renal e com várias alterações metabólicas. As limitações relativas à evidência disponível neste campo prendem-se com: a ausência de uma definição universalmente aceite para dieta hiperproteica; a raridade de estudos em humanos a longo prazo, tendo os dados de serem retirados de estudos curtos e circunstanciais; e com os poucos estudos existentes relativos ao efeito de dietas hiperproteicas em indivíduos obesos. Para além disso, é provável que o impacto a curto prazo de uma dieta hiperproteica a nível renal seja diferente do impacto de um consumo crónico. Os riscos teóricos de uma dieta deste tipo devem ser sempre discutidos com que vai iniciar o regime hiperproteico, iato apesar de não existir nenhuma contra-indicação renal formal para o indivíduo sem doença renal subjacente. Por outro lado, estas dietas podem lesar seriamente o rim de um doente renal crónico e, neste caso, devem ser evitadas se possível. Devido a este risco, e porque a doença renal crónico é geralmente silenciosa, recomenda-se que todos os indivíduos que vão iniciar uma dieta hiperproteica façam o depiste pela medição da creatinina sérica e da proteinúria com tira de teste urinário.