28 de Junho, 2010
Diabetes tipo 2: principal factor de risco para esta doença crónica da civilização é, naturalmente, a própria civilização
Autor: O Primitivo. Categoria: Civilização| Força| Saúde
Vídeo: Diabetes em Portugal (DGS)
Eu sou um defensor das tradições dos povos, da sua cultura/etnografia, da sua sabedoria popular, que é muito mais poderosa do que se imagina. No meu entendimento, também a ignorância inata do povo joga, por regra, em seu favor. Quero com isto dizer que, enquanto as pessoas se mantiverem nas suas tradições, longe de certas ideologias "saudáveis" dos nutricionistas e dos médicos, ainda têm alguma chance de se manterem razoavelmente vivas por alguns anos. Por outro lado, quando se trata do povo expressar a sua plena ignorância em questões fundamentais da saúde, também o sabe fazer com grande exuberância. O vídeo acima, da Direcção-Geral da Saúde, é um excelente exemplo, ninguém sabe o que é a diabetes, nem quais as suas causas e/ou sintomas. As pessoas entrevistadas têm umas parcas pistas sobre o assunto, aliás tal como a maioria dos "especialistas" em alimentação diabética. O facto é que em Portugal já existem mais de 1.000.000 de diabéticos na população adulta, e mais uns tantos milhares nos jovens. Como o Dr. José Manuel Boavida no vídeo acima refere, os números da diabetes em Portugal são absolutamente preocupantes, mas ninguém parece estar muito informado ou sequer preocupado com esta colossal calamidade de saúde pública. Experimente só folhear algumas páginas da Revista Portuguesa de Diabetes e entenderá melhor do que estou a falar. Estão todos muito preocupados com esse grande "mal" que é o colesterol, mas a glicémia, a insulina ou a hemoglobina glicosilada ninguém sabe ao certo o que são. O mais dramático disto tudo é que uma parte muito significativa destas pessoas, cerca de 40%, nem sequer sabe que tem a doença, que o seu metabolismo da glucose se encontra altamente comprometido. E uma delas amanhã, ou mesmo hoje, devido às inevitáveis complicações, poderá ser eu ou você. A diabetes é um passaporte para toda uma cascata de complicações, tais como as doenças cardiovasculares (hipótese lipídica também aqui a falhar), o cancro (hipótese de Warburg aqui a funcionar), as nefropatias (problemas renais), as neuropatias periféricas (lesões dos nervos), necroses das extremidades (pé diabético, amputações de membros, etc.), retinopatias (terminando em cegueira), etc. Glicémia/açúcar cronicamente elevada é um poderosíssimo veneno para todos os órgãos do corpo, tenha a certeza absoluta disto. E os números da diabetes são tão galopantes que as próprias autoridades de saúde nem sequer os conseguem manter actualizados. Os custos humanos e os custos económicos da diabetes são tão colossais que, mais cedo ou mais tarde, alguma séria medida de fundo terá de ser tomada. Para além disto, estão aprisionadas numa teoria que aqui tenho criticado sistematicamente, a hipótese lipídica, a qual se traduz em recomendações alimentares altamente nocivas para os diabéticos. Sim, estou a falar da famosa recomendação de 60% da energia em hidratos de carbono, o que não faz nenhum sentido pois qualquer pessoa sabe que esta doença se traduz numa intolerância justamente aos hidratos de carbono. Mas muitas gorduras, principalmente das saturadas, fazem imenso mal à saúde, os próprios "especialistas" da nutrição afirmam convictamente que "o consumo de gorduras saturadas está relacionado com o aumento crescente de doenças ditas da civilização ou degenerativas". Dizem os "entendidos" disto que as dietas low-carb são perigosas a longo prazo, devido aos excessos de gordura. Ora, o que é óptimo para os diabéticos é consumir muitíssimos cereais/amidos, frutoses, óleos vegetais/margarina, etc. A diabetes tipo 2 não é necessariamente potenciada (só) por estes alimentos, mas os diabéticos têm toda a vantagem em adoptar uma dieta com restrição de hidratos de carbono. Esta injustificável obsessão pela teoria/dogma lipídico só desvia o foco das atenções do essencial para evitar diabetes/doenças cardíacas, o controlo glicémico. Pergunte a qualquer pessoa qual o marcador de saúde que considera mais importante. Resposta inevitável de uma "mentalidade de rebanho": O colesterol (total). E porque não a glicémia em jejum, o teste de tolerância à glucose, a hemoglobina glicosilada HbA1C ou a insulina em jejum? Eu já escrevi muita coisa sobre esta condição neste blogue, esses artigos podem ser todos lidos aqui. Talvez nem valha a pena estar a escrever muito mais, pois até agora mereceram zero comentários. É porque provavelmente não terão grande interesse para a generalidade das pessoas. A hiperinsulinémia crónica das sociedades modernas, a meu ver, constitui o factor de risco primordial para a diabetes tipo 2 e demais doenças da civilização. O problema é que a hiperinsulinémia, que se traduz inevitavelmente em resistência à insulina, é uma condição anti-evolucionária altamente complexa, potenciada não só pela alimentação hipercalórica e industrializada moderna, mas também pelo sendentarismo que, por sua vez, leva à obesidade, à hipertensão, e a uma série de outros problemas. Ao contrário do que está a ser dito nesta reportagem, o avançar da idade não tem de ser necessariamente um factor de risco acrescido para a diabetes, porque existem povos primitivos, como os Kitava, da actualidade para os quais esta doença é completamente desconhecida. É claro que a sua insulina na terceira idade pouco difere da de quando eram mais jovens, coisa que já não acontece nas sociedades industrializadas. O triste exemplo dos índios Pima do Arizona também serve para nos lembrar como a civilização constitui um gravíssimo factor de risco para a diabetes. Para resumir, porque este artigo já está longo demais, se você é diabético, não se esqueça que está praticamente entregue à sua sorte. "A pessoa que sofre de diabetes é o [seu] verdadeiro médico". Não aprenderá grande coisa a partir das recomendações oficiais, principalmente das relativas à alimentação, que é a arma mais poderosa para conter a progressão da diabetes. Actue informadamente, estudando, lendo, debatendo com o seu médico. A minha sugestão é que aprenda o máximo que puder com pessoas que entendem realmente do assunto, como o Dr. Richard Bernstein, como o Dr. Ron Rosedale, como a diabética Janet Ruhl, etc. Como tantas vezes costumo referir neste blogue, se a civilização está a matá-lo, adopte um estilo de vida primitivo!
Download: spd-diabetes-epidemiologia-portugal.pdf (2.7 Mb)