06 de Abril, 2010
Dr. Aubrey de Grey explica-nos como funciona o envelhecimento, mas estará ele próprio preocupado em evitá-lo no seu dia-a-dia? E como poderemos ter a certeza que as suas teorias funcionam, sem evidência prática que as comprove? (actualizado)
Vídeo: Aubrey de Grey - In Pursuit of Longevity.
O Dr. Aubrey de Grey, autor do recente Ending Aging: The Rejuvenation Breakthroughs That Could Reverse Human Aging in Our Lifetime (2007), estará em Portugal no próximo 21-22 de Maio/2010, no 3º Congresso Ibérico de Medicina Anti-Envelhecimento e Tecnologias Biomédicas. Este académico inglês, investigador destacado na ciência do anti-envelhecimento, possui um currículo respeitável (Wikipedia) e uma vasta obra científica publicada, com 90 entrada na Pubmed. o Dr. De Grey é também co-fundador da SENS Foundation, uma organização dedicada às medicinas regenerativas (SENS significa strategies for engineered negligible senescence). A Univ. de Cambridge, em resultado da publicação do seu livro The Mitochondrial Free Radical Theory of Aging (1999), atribuiu-lhe um PHD em 2000 apesar de nem sequer estar registado como estudante. Esta teoria, apesar de ser actualmente amplamente aceite, tem no entanto sido alvo de críticas. No Youtube existem inúmeras palestras deste investigador, uma delas a mais acima, que é da mais longa de todas (veja-se também esta palestra e ainda esta).
Foto: Dr. Aubrey de Grey (Wikipedia).
Eu não conhecia o Dr. De Grey, mas algo me diz que este senhor, seguramente possuidor de grande inteligência, está algo envelhecido para a sua actual idade, 46 anos (veja só a foto acima). Aqueles cabelos brancos, aquela pele branquinha adoentada, humm! Tão diferente do primitivo Mark Sisson, que aos 55 anos de idade parece ter muito menos, não é? É que para envelhecer bem não basta dominar estes complexos mecanismos teóricos da longevidade, é mesmo indispensável colocar em prática um estilo de vida em consonância com a nossa biologia. E para além disto, fica também a dúvida sobre se funcionam mesmo, ou se são só mera teoria. Estará o envelhecimento acelerado do Dr. Grey relacionado, por exemplo, com consumo crónico de álcool, um veneno da civilização nitidamente causador de envelhecimento prematuro? É que eu nunca vi nenhum conferencista, durante uma palestra inteira, agarrado a uma garrafa de cerveja. A meu ver, não convence quando afirma que "o álcool é uma fonte de energia para a qual estou geneticamente predisposto" ou que "não há problema em beber muito álcool porque o metabolizo muito bem". Ou será antes algum elixir da juventude?
Foto: Dr. Aubrey De Grey, a dar-lhe na cerveja.
Ironias à parte, a meu ver o Dr. De Grey é somente um exemplo perfeito desta crença letal na civilização, em que se deposita cegamente toda a esperança na ciência e na tecnologia. Não interessa para nada o actual estilo de vida moderno, que pode ser completamente promotor de todo o tipo de doenças, porque sabemos que num futuro muito próximo, ainda nesta geração certamente, teremos todas as ferramentas científicas e tecnológicas para contrariar os sete tipos de envelhecimento actualmente conhecidos. Eu (por enquanto) talvez não seja tão catastrofista como o anarco-primitivista John Zerzan, que considera que temos uma "sociedade dividida e gangrenada pela tecnologia" e que "há que acabar com isto tudo", mas não faz sentido esta postura incongruente que o Dr. De Grey apresenta, por um lado de genial cientista, em busca da ciência e da tecnologia do futuro para prolongar a vida, mas por outro ostensivamente consumindo doses massivas de cerveja e aniquilando assim as suas chances de sequer atingir esse futuro.
As soluções para evitar o envelhecimento, ao alcance de todas as pessoas, são simplicíssimas e não necessitam de qualquer artifício, para além daqueles que a Natureza já nos forneceu a todos. Para além disso, tenha presente esta verdade terrível que é o facto de que, ainda que conseguíssemos eliminar quase todas as doenças da civilização, a nossa actual esperança de vida apenas aumentaria em somente cerca de 4 anos. Isto porque os ganhos em esperança de vida proporcionados pela civilização e pelas suas tecnologias devem ser imputados fundamentalmente à extraordinária redução da mortalidade infantil, e jamais do prolongamento da vida adulta. A civilização tem sido um claro factor de degradação da saúde nos últimos anos, nomeadamente com as suas doenças crónicas degenerativas. Quer evitá-las e melhorar a qualidade dos seus últimos anos? Mantenha-se longe da civilização, reduza o seu grau de urbanização, coma melhor e procure emular no seu dia-a-dia um estilo de vida primitivo. É algo que pode começar a fazer já hoje, sem qualquer tecnologia milagrosa ou biotecnologia futurista (Ou então, se está mesmo apegado a estas ideias fantasiosas do anti-aging, é melhor meter-se já num tanque criogénico e esperar mais uns séculos, porque há coisas que demoram mesmo muito tempo, e às vezes nem nunca chegam).
Foto: Dr. Aubrey De Grey, vai mais um copo?
PS: Independentemente de tudo isto, este indivíduo é obviamente uma dádiva para a nossa sociedade. Precisamos de pessoas notáveis e com este espírito visionário, ainda que seja só para nos indicarem o caminho que não deveremos seguir, ou em que não podemos depositar o nosso futuro. De pessoas normais e ignorantes está o mundo cheio, nada têm para nos ensinar. Por isso, para que não reste qualquer dúvida, mantenho firme a minha sugestão, a de que não perca, de forma alguma, este 3º Congresso Ibérico de Medicina Anti-Envelhecimento e Tecnologias Biomédicas, em Cascais, 21-22 de Maio/2010. O Dr. Aubrey de Grey, a quem dei enorme e merecido destaque neste blogue, é o "cabeça de cartaz" desta conferência, cujo programa (versão em português) é mesmo muito interessante. Seja muito bem vindo a Cascais e a Portugal Dr. De Grey!
Aubrey David Nicholas Jasper de Grey (born 20 April 1963) is an English author and theoretician in the field of gerontology, and the Chief Science Officer of the SENS Foundation. He is editor-in-chief of the academic journal Rejuvenation Research, author of The Mitochondrial Free Radical Theory of Aging (1999) and co-author of Ending Aging (2007).
De Grey’s research focuses on whether regenerative medicine can thwart the ageing process. He works on the development of what he calls "Strategies for Engineered Negligible Senescence" (SENS), a tissue-repair strategy intended to rejuvenate the human body and allow an indefinite lifespan. To this end, he has identified seven types of molecular and cellular damage caused by essential metabolic processes. SENS is a proposed panel of therapies designed to repair this damage.[2]
A review of SENS by 28 scientists concluded that none of de Grey’s therapies "has ever been shown to extend the lifespan of any organism, let alone humans".[3] De Grey argues that this reveals a serious gap in understanding between basic scientists and technologists and between biologists studying ageing and those studying regenerative medicine.[4] The 15-member Research Advisory Board of his own SENS Foundation have signed an endorsement of the plausibility of the SENS approach.[5]
De Grey is a fellow of the Gerontological Society of America, the American Aging Association, the Institute for Ethics and Emerging Technologies, and an adviser to the Singularity Institute.[6] He has been interviewed in recent years in a number of news sources, including CBS 60 Minutes, the BBC, The New York Times, Fortune Magazine, The Washington Post, TED, Popular Science and The Colbert Report.
(continua aqui)
Fonte: Wikipedia.