20 de Março, 2010
“Canela pode ajudar no combate ao colesterol”, e também algum tempo na Pubmed a estudar poderia ajudar no combate à ignorância científica da maioria dos especialistas que emite opiniões sobre saúde pública
Vídeo: Canela pode ajudar no combate ao colesterol.
A RTP1 (Portugal) costuma presentear-nos, logo pela manhã, com estas peças de informação nutricional e de saúde. Eu costumo ver algumas delas, todas quase sempre de fraquíssima qualidade, da quais eu destacaria a mais ignóbil de todas, com o título "mães não sabem diferença entre gorduras", que foi baseada num estudo encomendado pelo lóbie das margarinas. Os especialistas de serviço, ou melhor dizendo, os comentaristas de saúde que por lá passam, por regra pouco dominam os temas, salvo raras excepções. Aqui por exemplo, está a ser dito que "a canela pode ajudar no combate ao colesterol". O que é uma coisa extraordinária, porque desde logo uma pessoa se deve questionar sobre qual a utilidade de "combater" o colesterol. É que isso equivaleria a combater a nossa própria fisiologia, pois mais de 70% do colesterol circulante no nosso corpo é por ele próprio produzido, no fígado. E colesterol "mau" a que propósito? Será que agora há dois colesteróis, um bom e outro mau, ou haverá antes um único colesterol, e ciência boa e má? É que, na realidade, o mau colesterol não é exactamente aquele que eles pensam. Parece também que a EFSA chegou à conclusão "científica" que esteróis vegetais reduzem o colesterol mau, o que é "óptimo". Mas óptimo a que propósito, qual o sentido de se reduzir o LDL se este nem sequer é marcador de risco cardiovascular? Sim, eu sei que dizer que níveis de LDL não são marcador de risco cardíaco é uma completa heresia, porque todos os médicos afirmam que são. Mas olhe para a ciência, não para o que dizem indivíduos influenciados por laboratórios com interesses económicos em manter uma hipótese lipídica viva. E o colesterol total "em alta" é supostamente mau para a saúde, com que base se afirma isto? Eu sempre pensei que a menor mortalidade estava associada a CT no intervalo 200-240 mg/dl, portanto "em alta" face ao que são as recomendações modernas. E este intervalo não resulta unicamente da minha base de dados epidemiológica, é também constatado em outros estudos, por exemplo estudos japoneses (1 e 2) e coreanos (1 e 2), países estes com menor mortalidade cardiovascular que no ocidente. E também na população americana se constata que colesterol total é um marcador irrelevante de risco cardiovascular, conforme se verificou, por exemplo, no estudo MRFIT. A certa altura, o jornalista da RTP, que obviamente também não entende nada disto, faz a pergunta crítica: "onde é que vamos buscar esse colesterol mau"? A nutricionista de serviço começa então por debitar o dogma da hipótese lipídica, em que o colesterol "mau" das gorduras-saturadas-maléficas se cola à parede das artérias, como se de uma canalização de lava-loiça se tratasse. Para tratar este "mal" que é o colesterol a única solução saudável será, pois claro, a famosa e jamais comprovada dieta low-fat, uma dieta pobre e gorduras, nomeadamente saturadas. Mas é curioso que até a OMS, esse olimpo de "sabedoria", já admite que a relação entre consumo de gorduras totais e saturadas e peso corporal é inconclusiva. Eu até acrescentaria que não têm (quase) nada a haver! Actualmente estão a ser publicados diariamente estudos que comprovam ausência de associação entre gorduras saturadas e doenças cardio, como por exemplo este estudo. Não serão as doenças cardiovasculares, porque é disto que aqui se fala, antes um problema de oxidação desses lípidos, resultantes de dietas e estilos de vida que conduzem a essa oxidação, e não tanto da quantidade em que os lípidos plasmáticos ocorrem? Dizem eles que gorduras "saudáveis" são as poliinsaturadas, e que as saturadas são as nocivas. Sempre este eterno conflito entre o bem e o mal, que os nutricionistas tanto gostam de enfatizar. Mas é curioso que gorduras saturadas, que sempre foram consumidas durante milhões de anos através dos alimentos tradicionais/ancestrais, provavelmente até modelam favoravelmente o perfil lipídico, favorecendo a saúde cardiovascular. Por exemplo, em Portugal até existe um estudo obscuro em que se observou que as pessoas que consumiam mais gorduras tinham menor (sim MENOR) risco de AVC que as demais. Tudo isto é muito lógico, porque não consta que povos primitivos pré-agricultura tivessem qualquer mortalidade cardiovascular. Não viviam anos suficientes para isso? Se calhar até viviam, e muitos! E por acaso, a espécie humana só começou a consumir destes óleos vegetais "saudáveis" e muito poliinsaturados nas últimas décadas, época a partir da qual começou também a aumentar a doença cardiovascular e a obesidade, e em que também os lóbies produtores destes óleos entraram em guerra com as gorduras tradicionais, como a manteiga e os óleos tropicais. Haverá algum nexo de causalidade entre estas duas coisas, doenças cardiovasculares e óleos vegetais poliinsaturados "saudáveis"? Impossível, porque tudo o que é vegetal é óptimo, não é? Portanto, não se insista na doutrina low-fat, uma dieta estúpida e potencialmente perigosa. Já agora, também uma curiosidade, nestas dietas low-fat, ironia das ironias, a circulação de gorduras saturadas é maior que nas dietas hiperlipídicas. Sim, isto é lindo, eu sei. E os esteróis vegetais que os 32 "especialistas" da EFSA descobriram que reduz o LDL, servem para alguma coisa? É que o único médico cardiologista credível que eu conheço e que é uma autoridade comprovada, o Dr. William Davis, diz que os esteróis vegetais causam doença cardiovascular e deveriam ser banidos da cadeia alimentar. Basta pesquisar um bocadinho para perceber que o consumo de canela é quase irrelevante para a saúde, como não poderia deixar de ser. Parece que tem algum efeito ao nível do metabolismo da glucose, em diabéticos tem um efeito similar ao da insulina, mas não existe qualquer evidência de que produza efeitos notórios sobre a saúde cardiovascular. O que é mais que óbvio pois, como é sabido, a redução agressiva de LDL, por via farmacológica, possui efeitos vestigiários sobre o risco cardiovascular, aumentando outros riscos e mantendo inalterada a mortalidade total. Ou então até a conseguem aumentar, como aconteceu no estudo MRTFIT. Eu poderia passar o dia todo aqui a criticar esta notícia, que como se vê não possui qualquer substância ou credibilidade. No entanto, todas estas ideias modernas, consubstanciadas na hipótese lipídica, continuam a ser continuamente alimentadas, apesar de serem cientificamente erradas. Os seus defensores sabem que ela não funciona mas, como é uma ideia à priori tão querida e não a querem abandonar, porque há muito dinheiro em torno dela (leia-se indústria das estatinas), apelidam todas as suas gritantes falhas e inconsistências de "paradoxos". Algumas duras realidades para os crentes nesta hipótese: níveis de colesterol nada têm a haver com causas de doença cardiovascular (senão os Kitava, que têm lípidos "piores" que os suecos, teriam mais doença cardiovascular), porque o problema está muito mais na oxidação desses lípidos e não na sua acumulação, tese que só sai reforçada com as estatinas, que baixando o colesterol "mau" LDL não produzem qualquer redução notória no risco cardiovascular (e a que produzem é por redução da inflamação e demais efeitos pleiotrópicos, não resulta necessariamente do abaixamento de LDL). Mas há um outro problema na pseudo-notícia da RTP, e bastante mais sério. É a própria ideologia de nutricionismo que lhe está subjacente, que como se vê, dissociada de um paradigma evolucionário, biológico, cultural e antropológico, não possui qualquer credibilidade. Este nutricionismo moderno é, no entanto, muito querido dos lóbies alimentares, porque só com ele se consegue defender "cientificamente" lixos alimentares como a margarina, cremes vegetais e produtos industriais similares. A meu ver, não só não funciona como tem sido prejudicial, através de inúmeras recomendações errada. Felizmente há outros paradigmas mais simples, que funcionam melhor e que não requerem especialistas para nos ensinarem a ser mais "saudáveis". A este respeito escreverei mais aqui em breve, mas você já sabe quais são, não sabe? Não escreverei muito mais sobre nutrição porque, naturalmente, tenho de avançar para o tópico do estilo de vida, do desporto e da actividade física.
Review Of Cinnamon and Cholesterol Studies
To put this together required looking for and at cinnamon and cholesterol studies. One study looked at just studies.
A 2007 systematic review of scientific literature on cinnamon had some interesting findings.
Using evidence-based practice, 9 electronic databases were searched and compiled.
Pharmacological study on antioxidant activity (1)
Clinical studies on various medical conditions (7) including diabetes (3)
Helicobacter pylori infection (1)
Activation of olfactory cortex of the brain (1)
Oral candidiasis in HIV (1)
Chronic salmonellosis (1)Two of 3 random clinical trials (type 2 diabetes) had strong scientific evidence that cassia cinnamon (the one with the greater amount of coumarin) reduces fasting blood glucose by 10.3%-29%. (One was in Pakistan where they are probably not on anti-diabetic drugs where as the US study may have had very different patients.)
Also note another factor about the third clinical study did not observe this effect. (This was not in the study but remember that there is a glutathione relationship. If the subjects were in an area or had diets depleted of the building blocks of glutathione, the study could have been skewed.)
The Cassia cinnamon did not lower the hemoglobin HbA1c.
One of the randomized clinical trial reported that cassia cinnamon lowered total cholesterol, low-density lipoprotein cholesterol, and triglycerides.
The other 2 trials (before 2007) did not observe this effect. (The latest study did.)
There was strong evidence that cinnamon was not effective at eradicating H. pylori infection. Cinnamon was not effective in treating oral candidiasis in HIV patients and chronic salmonellosis.
Fonte: Cinnamon and Cholesterol Lowering Benefits and Beyond.