Canibais e Reis

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10 de Junho, 2009

70% dos portugueses em risco de enfarte e AVC por causa de colesterol elevado, ou como, se isto fosse minimamente verdade, já deveríamos estar todos hospitalizados em Santa Cruz

Autor: O Primitivo. Categoria: Mitos| Saúde

Fonte: "Colesterol, o que fazer para se livrar do Mal",
Revista Focus (05/05/2009).

 

Mais um artigo do lóbie margarineiro?

Seguramente mais um exemplo de fraca ciência, este artigo recente da Revista Focus, publicado em Maio/2009, que você pode ler clicando aqui (11 páginas, tamanho 10 Mb), com título e capa marcadamente sensacionalistas: "Colesterol, o que fazer para se livrar do Mal"! Outros subtítulos, espalhados um pouco por todo o artigo, também não lhe ficam atrás. Por exemplo, logo na capa, temos um "Eu posso ser uma vítima". Ou então, espalhadas pelo texto, temos estas pérolas: "Aprenda a proteger-se", "o aperto das veias", "nem todo o colesterol é mau", "desengordurar o sangue", etc. O artigo começa bem, com a seguinte afirmação: "O colesterol é altamente prejudicial. É uma frase que todos conhecemos. Já o vimos apregoado em anúncios a margarinas, nos consultórios dos médicos e por toda a imprensa". Portanto, ficamos desde logo a saber que as referências científicas deste artigo são, entre outras, a publicidade do lóbie margarineiro, um grupo de interesse com vantagem económica em condenar os alimentos ricos em colesterol, designadamente a tradicional manteiga, competidora directa das modernas margarinas, que são óleos vegetais altamente processados industrialmente. Pois, adiante.

Os especialistas de serviço explica-nos que a doença cardiovascular é multifactorial e aditiva, e nós temos de acreditar, como não poderia deixar de ser, mas que o colesterol também e culpado, pelo que, de acordo com as sociedades cientificas europeias, é recomendável que os valores normais de colesterol, da população em geral, sejam inferiores a 190 mg/dl, e no caso de doentes cardíacos, inferiores a 175 mg/dl. Ora, isto é algo de extraordinário, a utilização do colesterol total como marcador isolado de risco cardiovascular. Se este parâmetro tivesse qualquer importância nas doenças cardiovasculares, então as pessoas internadas em hospitais com doença cardiovascular teriam colesterol total necessariamente muito elevado, como eles dizem "de alto risco", seguramente acima dos valores médios da população em geral, que rondam as 200 a 240 mg/dl. Mas inacreditavelmente acontece exactamente ao contrário, doentes cardiovasculares são por regra deficitários em colesterol, o valor médio de internamento, nos EUA (e muito provavelmente também nos demais países industrializados, não há razão para ser muito diferente), é somente 174,4 mg/dl. Ora, esta simples constatação, baseada num vastíssimo estudo da própia American Heart Association, deveria ser mais que suficiente para aniquilar esta hipótese lipídica clássica, que ignora completamente a vertente inflamatória da doença cardiovascular (já agora, veja também este artigo brasileiro) mas, bem pelo contrário, ela floresce a olhos vistos!

Quanto à fracção LDL, são recomendados valores inferiores a 115 mg/dl para a população em geral, e 100 mg/dl para doentes de alto risco, havendo supostamente vantagem em ir até valores de 70 mg/dl. Tendo também por base o estudo atrás citado, que analisou o perfil lipídico de 136.905 pacientes hospitalizados, em 541 hospitais, verifica-se igualmente algo de extraordinário: 49,6% dos pacientes têm LDL inferior a 100 mg/dl. Para que não restem dúvidas aos mais desconfiados, o histograma respectivo pode ser visualizado neste poster. Se estas recomendações fossem correctas, então seria de esperar que efectivamente lhes estivesse associado um baixo risco, digamos abaixo de 25%, mas não é essa a evidência. Por outro lado, exactamente 23,1%, cerca de 1/4 dos pacientes internados, possuía fracção LDL superior a 130 mg/dl. Portanto, pessoas com fracção LDL de "elevado risco" parecem beneficiar de alguma protecção, porque não têm tanta probabilidade de ir parar ao hospital. Mas isto é exactamente o contrário do que os defensores da Hipótese Lipídica, que nunca passou disso mesmo, uma mera hipótese, nos explicam, não é?

 

Fonte: "Colesterol, o que fazer para se livrar do Mal",
~Revista Focus (05/05/2009).

 

Este artigo da nossa revista Focus também diz que, no contexto europeu, Portugal é líder na taxa de acidentes vasculares, com nove AVC por hora. Como nestas coisas convém sempre colocar tudo em dúvida, eu fui verificar os números oficiais. Na realidade, não me parece que seja exactamente líder, pelo menos na mortalidade, a julgar pelas estatísticas da DGS de 2005 (ver coluna 7), estando à nossa frente a Estónia, a Grécia, a Hungria, a Letónia, a Lituânia e a República Checa. Ou estes países já não pertencem à União Europeia? A mortalidade por AVC em Portugal, em 2005, em todas as idades, rondava as 101,4 /100.000 hab. Em termos comparativos, os países com a mais baixa taxa de mortalidade por AVC possuem cerca de metade deste valor. O país da Europa, e possivelmente do mundo, com a mais baixa taxa de AVC, é a França, com apenas 36,6 mortes por AVC / 100.000 hab. Qual a razão deste facto, que os "especialistas" designam afectuosamente por paradoxo francês? Podera estar relacionado com o facto de que o consumo de gorduras, de qualquer tipo, está associado a uma menor risco de AVC? A mortalidade por AVC nos países efectivamente líderes europeus desta doença cérebro-vascular atinge as 120 a 180 mortes / 100.000 hab, quase o dobro. Portanto, Portugal, não estando bem na "fotografia", também não é dos piores. Não vou entrar neste tema, para não me dispersar, mas pode ler sobre este assunto aqui.

 

Vamos todos morrer entupidos de colesterol

Depois somos informados que o Instituto Becel (muito estas entidades gostam de criar institutos, comissões científicas e clubes do coração para tentar credibilizar, por via da publicidade, produtos industrializados sem qualquer valor nutricional) parece que fez um estudo sobre o perfil lipídico da população portuguesa, para concluir que, em 2001, 1/4 dos portugueses revelava colesterol de "risco elevado" (acima de 240 mg/dl) e 36% apresentam "risco moderado" (200-239 mg/dl). Portanto, deveríamos agora estar todos em alerta vermelho e alerta laranja para esta mais que metade da população pois, pelos vistos, são uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer instante. Isto apesar do maior estudo epidemiológico da actualidade demonstrar que o colesterol médio de pacientes cardiovasculares hospitalizados é deficitário face ao valor médio da respectiva população "saudável", conforme referido de 174,4 mg/dl, e também que os dados epidemiológicos actuais demonstram existir uma associação entre colesterol médio e diversas variáveis relevantes, positiva no caso da longevidade, negativa no caso da mortalidade cardiovascular, etc. E também apesar do estudo português epidemiológico que comentei recentemente, do Serviço de Epidemiologia da Fac. de Medicina do Porto e Fac. de Ciências da Nutrição e Alimentação da Univ. do Porto., que estabeleceu uma associação negativa entre o consumo de qualquer tipo de gorduras com o risco de AVC isquémico, bem como entre consumo de colesterol e esse mesmo risco.

O artigo da Focus apresenta a Hipótese Lipídica clássica como um facto consumado, explicando que "desde 1961 se sabe que os valores altos de colesterol são responsáveis pela arteriosclerose". Em primeiro lugar, antes de ir a esta questão, convém entender que aterosclerose e arteriosclerose, termos usados indistinta e, por isso, incorrectamente neste artigo, não são as mesmas coisas. A arteriosclerose, muito vulgar nas pessoas idosas, corresponde a um endurecimento e espessamento da parede das artérias, com diminuição da elasticidade arterial, o que ocasiona aumento da pressão arterial sistólica e diminuição da diastólica. Não é de forma alguma sinónimo de aterosclerose, embora esta seja uma das formas pela qual endurece a parede arterial. Aterosclerose é a doença inflamatória crónica na qual se dá formação de placas/ateromas nos vasos sanguíneos. No seu limite a aterosclerose pode ser fatal nas artérias do coração ou do cérebro, órgãos que resistem apenas poucos minutos sem oxigénio. Posto isto, seria necessária quase uma lição de história da epidemiologia para entender que a Hipótese Lipídica defendida neste artigo, do ponto de vista científico, é no mínimo não-consensual, e no limite inválida. Para aprofundar este tema, deixo-lhe a sugestão de começar pelo princípio, lendo a história do Dr. Ancel Keys, o fundador dos mitos do colesterol e das gorduras saturadas, para entender de onde surgem todas estas inconsistências.

 

…mas indústria estatineira vem salvar-nos antes disso acontecer!

O artigo explica que "Durante as décadas seguintes os médicos fizeram experiências com uma enorme variedade de dietas e medicamentos, na tentativa de baixar os níveis de colesterol. Os resultados foram decepcionantes e surgiram até dúvidas se o colesterol e a doença dos vasos sanguíneos estariam realmente interligados". O que não deixa de ser curioso, afinal, no meio deste delírio colectivo que é o mito do colesterol, sempre deve ter existido alguém sóbrio, mas que pelos vistos não teve qualquer sucesso em se fazer ouvir. Talvez porque a indústria farmacêutica tenha entrado em campo, dado que "a dúvida desapareceu quando (…) lançou o primeiro medicamento efectivo. A descoberta das estatinas foi o big bang da investigação do colesterol". A este respeito, acrescenta-se que "o ponto de viragem foi um estudo publicado em 1994, que demonstrou um aumento de 30% de hipóteses de sobrevivência em doentes com doença coronária, a quem o nível de colesterol foi diminuído com o uso e estatinas".

Dizem eles que conseguiram, finalmente, provar a ligação causal entre colesterol e doença. Eu não sei que estudo é esse em particular, mas se for tão robusto como o Jupiter-Justification for the Use of Statins in Prevention: an Intervention Trial Evaluating Rosuvastatin, e tão bem patrocinado e "orientado" pelo lóbie estatineiro, então está tudo dito. Sobre o Júpiter, que não é nenhum planeta, sugiro a leitura deste artigo. Acerca das estatinas, se você pesquisar bem, verá que, apesar de efectivamente reduzirem a mortalidade cardiovascular, aumentam o risco diabético e também a mortalidade total, ou seja, você não morre do tratamento mas certamente morrerá da cura. Lá para o final do artigo até há um "especialista" a dizer que um dos efeitos secundários das estatinas, em casos extremos, é "a musculatura poder dissolver-se na íntegra". Eu nem entendo o que se quer dizer com isto, mas isto é certamente um disparate colossal, significaria a morte de um indivíduo mesmo muito crente em estatinas. Isto já para não falar das dores musculares, das perdas de memória, etc. Outro aspecto a ter em conta é que estes investigadores, que estabelecem as guidelines do colesterol, são indíviduos totalmente comprometidos com a indústria estatineira, de quem recebem elevadas somas em dinheiro, uma situação de extraordinária incompatibilidade de funções em qualquer país civilizado, excepto nos EUA. Já entende melhor porque as estatinas são tão boas para os médicos? Em Portugal os medicamentos mais vendidos, logo a seguir aos hipotensores, são as estatinas. É um grande negócio para as índustrias da doença!

 

Fonte: "Colesterol, o que fazer para se livrar do Mal",
Revista Focus (05/05/2009).

 

No que a mim respeita, estou muito mais interessado em morrer, por exemplo, com um fulminante e indolor ataque cardíaco, do que muito lentamente, com complicações diabéticas ou com demência causada pela falta de colesterol no cérebro. Por isso, prefiro ter colesterol "alto" e nunca tomar estatinas. E você, o que prefere?

 

Recomendações à margem da Dieta Mediterrânica,
sem qualquer base científica

Como é sabido, atrás do mito do colesterol vêm sempre os respectivos "especialistas" da nutrição, que nos querem fazer crer que, com base em conclusões cientificamente não-consensuais e que assentam num conjunto diminuto de meros marcadores fisiológicos, deveríamos alterar por completo os nossos hábitos alimentares tradicionais/seculares, tendo em vista diminuir o colesterol total, um marcador fisiológico praticamente irrelevante para a saúde humana, para com isso ficarmos muito saudáveis e na ilusão de que estamos isentos de risco cardiovascular. Vai daí e começam a condenar TODOS os alimentos tradicionais, consumidos desde tempos imemoriais, tempos nos quais não existiam doenças cardiovasculares, culpando-os destas modernas doenças. O exemplo clássico são os ovos cheios de colesterol, a carne cheia de gorduras saturadas e o fígado/coração/vísceras ricos em colesterol, bem como quase todos os demais alimentos tradicionais.

Em substituição disto, recomendam as "junk-food" modernas, supostamente muito saudáveis, como os óleos vegetais poliisaturados, os piores possíveis para as artérias devido à sua elevada insaturação (o ácido oleico / azeite não faz parte deste grupo pois é monoinsaturado), as margarinas com esteróis vegetais, porque diminuem o colesterol, as comidas vegetarianas "saudáveis", etc. Tal como tantas outras dietas de fantasia, esta "Dieta do Colesterol" é outro completo disparate inventado por indivíduos com uma visão muito estrita da multifactorialidade da doença cardiovascular, que não depende só do prato, mas de todo o estilo de vida! Em suma, este cenário é tão repetitivo que as pessoas já deveriam estar imunizadas a estas ideias sem qualquer sentido. Eu pelo menos já estou.

Tenha por isso em conta que as alegadas "provas dadas de efectividade" de que a Focus fala, na página 124 do seu artigo, simplesmente não existem. Como é perfeitamente sabido, pelo menos no meio científico, o consumo alimentar de colesterol praticamente não afecta o colesterol sanguíneo, que é aliás produzido na sua maior quantidade, cerca de 70%, endogenamente, no nosso fígado. Isto já está mais que provado e nem se entende como, no ano de 2009, ainda se continua a dar crédito a afirmações em contrário. Existe inclusivamente a evidência anedótica de um indivíduo consumindo 25 (vinte e cinco) ovos por dia (sim, diários), durante 15 anos, e com colesterol normal.

Repare-se que a nossa evolução biológica foi tão perfeita que o nosso corpo até se lembrou de que o colesterol, uma substância tão absolutamente essencial à vida, à reparação e manutenção das membranas celulares, regulando a sua fluidez e podendo constituir até metade das mesmas, e presente em grandes quantidades no nosso cérebro, que contém 25% de todo o colesterol, participando nas sinapses, e também percursor de hormonas importantíssimas como a testosterona e os estrogénos, jamais de se deveria esgotar, não fôssemos nós um dia ter a ideia louca de que o colesterol faz mal.

Fonte: The Colesterol Myth (CIIMS).

 

Aterosclerose, uma doença inflamatória

Para além disto, o facto mais determinante na origem da ateroesclerose é de carácter inflamatório, e não tanto resultante da acumulação de lípidos. Interessa sobretudo o tempo de residência das LDL no sangue, do seu potencial para interagir com radicais livres e se oxidar. Deste processo resulta a perda de colesterol para outras lipoproteínas, por processos enzimátivos, donde resultam partículas mais pequenas e densas, com maior vulnerabilidade oxidativa e potencial aterogénico. Portanto, a doença cardiovascular inicia-se e evolui tendo por base processos inflamatórios, e não tanto do tipo acumulatório que a Hipótese Lipídica prentende. Há também uma série de antioxidantes, coenzima Q10, ácido nítrico e outros que influenciam e, cooperativamente, contrariam estes processos oxidativos. A doença cardiovascular é muito mais complicada do que uma simples "entupimento" arterial por colesterol "mau".

Se o colesterol não fosse tão essencial à vida, indivíduos com o Síndroma de Smith-Lemli-Opitz, uma doença genética na síntese do colesterol que os coloca em défice endógeno permanente, não estariam sujeitas aos efeitos terríveis que produz uma menor produção endógena de colesterol.  Por outras palavras, não é justo culpar os bombeiros, que neste caso é o colesterol, pelos incêndios que ocorrem, pelo simples facto de estarem sempre presentes nesses incêndios. Está é uma analogia muito utilizada para ilustrar as confusões epidemiológicas em torno do mito do colesterol, uma substância reparadora que tem de ir ao local do "incêndio", as suas artérias em processo aterogénico/inflamatório. E não é tanto o número de bombeiros que determina a magnitude do desastre, mas muito mais a sua eficácia e a sua capacidade de combaterem o fogo, não se deixando queimar por ele.

 

Fonte: The Colesterol Myth (CIIMS).

 

Conclusão final (se é que há algo para concluir)

De todo este artigo da Focus, que como constatamos é um fraquíssimo ensaio sobre colesterol e saúde, eu aproveitaria uma única frase, com apenas 8 palavras, que podemos ler na página 121: "O colesterol é a base primária da vida"! Para aprofundar este tema, sugiro que visite as ligações abaixo para entender melhor a razão deste facto, em especial o síto de Chris Masterjohn, um cientista que colabora com a Fundação Weston A. Price e palestrante frequente nos congressos desta fundação. Veja também na secção Podcasts deste blogue ligação para algumas palestras/entrevistas de Masterjohn, a melhor delas é esta, cuja aquisição eu recomendo vivamente. Sobre a inutilidade das estatinas, não perca o artigo da Business Week. Uma última sugestão: ignore totalmente a publicidade televisiva anti-colesterol, produzida pelos margarineiros. É o mais completo disparate porque, como você já deve estar a perceber, não tem qualquer base científica!

 

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The real cholesterol story (Chris Masterjohn)
Chris Masterjohn cholesterol interview (ONL) (Chris Masterjohn)
The International Network of Cholesterol Skeptics (THINCS)
Dr. Malcolm Kendrick (THINCS)
The Benefits of High Cholesterol (Uffe Ravnskov)
Retreat of diet-heart hypothesis (Uffe Ravnskov)
The Cholesterol Myths (Uffe Ravnskov)
Cholesterol & diet in heart disease (Dr. Fred Ottobonni)
Food guide pyramid defects (Dr. Fred Ottobonni)
The Colesterol Myth (CIIMS)
Síndroma de Smith-Lemli-Opitz (Wikipedia)
Síndroma de Smith-Lemli-Optiz (Pubmed)
Do cholesterol drugs do any good? (Business Week)
Can a drug that helps hearts be harmful to the brain? (Wall Street Journal)
The Great Cholesterol Con, Anthony Colpo (nota: o melhor livro sobre o mito da hipótese lipídica; cientificamente muito robusto, ciência bastante sólida)
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