19 de Maio, 2010
“Pequeno-almoço, a sua ausência provoca consequências imediatas no organismo”, um artigo do SAPO Saúde sobre a absoluta e vital importância desta primeira refeição
Autor: O Primitivo. Categoria: Dieta| Livros| Mitos| Treinadores e treino
Foto: O pequeno-almoço "saudável" de civilização.
"Pequeno-almoço, a sua ausência provoca consequências imediatas no organismo"
Sapo Saúde
Afinal e ao contrário do que eu já estava a pensar, o pequeno-almoço é mesmo indispensável e vital à saúde, explica-nos este artigo do SAPO Saúde. "O pequeno-almoço tem uma importância considerável para um dia alimentar correcto e equilibrado". Ao que parece, a ausência de um pequeno-almoço equilibrado tem consequências imediatas no organismo, das quais eu destacaria, pela sua elevada e incontestável gravidade, o aumento do número de acidentes de trabalho e no trânsito, o aparecimento de doenças como a obesidade e/ou diabetes (extraordinária esta afirmação, estamos sempre a aprender), dores de cabeça, enjoo e suores que podem ser sinais de hipoglicémia, e em casos extremos até desmaios. É o que está a ser dito neste artigo do SAPO Saúde, estou somente a citar. Por isso, você já sabe, se por acaso ler em algum desses blogues da internet ideias subversivas sobre jejum intermitente, propondo saltar refeições indispensáveis como o pequeno-almoço, ignore por completo. Esse "somatório de longas horas de jejum [não lhe é] em nada benéfico", isso só colocará em sério risco a sua saúde. E "lembre-se, uma pessoa saudável deve ter um regime alimentar variado e equilibrado (…) comendo de tudo um pouco, várias vezes ao longo do dia". Por isso, você precisa mesmo de consumir esse pequeno-almoço, "uma sanduíche e um copo de leite é suficiente" para alguns. "Para outros é apenas o princípio", pois a sua fisiologia clamará por todos esses alimentos ancestrais: o "pão, bolachas ou tostas" com "um pouco de manteiga ou margarina, fiambre magro ou queijo". Só é pena o artigo em questão não citar, em suporte destas ideias, toda a extensa literatura científica, evidência cultural/etnográfica e epidemiológica, a qual certamente justifica a importância dos alimentos já citados (pão, bolachas, tostas, leite, margarina, etc.). Afinal, todos os especialistas da nutrição concordam que a ausência de pequeno-almoço tem consequências imediatas para a saúde. E será mesmo assim, ou será exactamente ao contrário, o pequeno-almoço não é fundamental nem importante, é apenas uma refeição como outra qualquer, podendo até ser suprimida sem qualquer consequência das acima citadas? E pergunto se esses eventuais sintomas não serão meramente o resultado da abstinência prolongada desse doce veneno da civilização, o açúcar? É que, ouvi dizer, para manter as glicémias, a HbA1C e a insulina em alta é importante comer sempre de 3 em 3 horas, e jamais saltar refeições. É o que os especialistas afirmam repetidas vezes, "um mínimo de cinco refeições diárias", dizem eles, devem saber do que falam, não é? Ironias à parte, a minha proposta é a seguinte: mergulhe na Pubmed, pesquise pelas palavras "fasting", "caloric restriction", "alternate-day fasting" e similares, leia vários desses artigos e, por fim, decida por si próprio. Extraordinários os mitos urbanos que modernamente se inventam, não acha?