16 de Maio, 2010
Revista Factores de Risco nr. 16, de Janeiro-Março/2010, da Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Autor: O Primitivo. Categoria: Civilização| Saúde
Esta Revista Factores de Risco nr. 16, de Janeiro-Março/2010, da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, está muito interessante, e cheia de artigos sobre gorduras e risco cardiovascular. Todos esses artigos são avançadíssimos e muito giros, comparando todos os ácidos e sub-ácidos com o seu eventual efeito sobre os marcadores clássicos de risco. Ou seja, já existe a preocupação de não usar a expressão "gorduras saturadas" como se fossem todas iguais, já se sabe que o ácido esteárico, a principal gordura da carne, tem um efeito neutro nos lípidos plasmáticos e que excesso de ómega-6 é pró-inflamatório. Também já se começa a dizer que é mais determinante a qualidade das gorduras que propriamente a sua quantidade, sendo no entanto importante controlar os aportes calóricos. E também já estão a concluir que os factores de risco reais para o coração são a diabetes, a hipertensão e o tabagismo. Falta agora, no entanto, a coragem para chegar à conclusão mais dramática, a de que o Dr. Ancel Keys estava errado e que, estes 50 anos de hipótese lipídica foram uma completa perda de tempo. Isto vai ser muito complicado, porque implicará abandonar os níveis de LDL como marcador de risco, tema este que já comentei em pormenor aqui. Ou seja, a falsa ideia de que os clássicos níveis de colesterol, seja o total ou a fracção LDL, estão de alguma maneira relacionados com risco cardiovascular. O que também não será assim tão complexo, até porque actualmente estão disponíveis outros marcadores, realmente causais, como a hemoglobina glicosilada (HbA1C) e o colesterol LDL oxidado (oxLDL). Em minha opinião, para dar passos tão grandes, vão ser ainda necessárias mais algumas décadas.
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