28 de Junho, 2009
Benefícios das dietas ricas em gorduras saturadas para pacientes com doença cardiovascular, ou como você deveria abrir os olhos para o consumo de gorduras saturadas
Fonte: Campanha anti-gordura animal
da World Heart Federation.
Vamos todos morrer entupidos por gorduras saturadas?
Você ficaria certamente estupefacto se constatasse, com os seus próprios olhos, como, de facto, não existe absolutamente nenhuma evidência robusta de que gorduras saturadas sejam responsáveis por doença cardiovascular (DCV). Aliás, nem robusta, nem média, nem fraca. E quando existe, ela é, no máximo, rudimentar e acompanhadas de desvantagens significativas, como por exemplo maior mortalidade por cancro. Eu sei, eu sei bem, hoje em dia defender gorduras saturadas parece tão completamente disparatado que quem o tentar fazer pode passar por louco. TODOS sabem que muitas gorduras saturadas entopem as artérias, causam doenças cardiovasculares e, por fim, conduzem à morte. Todos os "especialistas" sabem isto, as autoridades de saúde repetem-no vezes sem conta, é um dado mais que adquirido. Para quê estar a insistir em algo totalmente incontestável, que a imprensa e os anúncios nos explicam repetidamente?
Por outro lado, é isto que eu quero enfatizar, há MUITA informação que nunca chega à opinião pública e que sugere, para não dizer que demonstra, que não existe absolutamente nenhuma evidência robusta de que gorduras saturadas sejam responsáveis por doença cardiovascular. E isto tem vindo a ser confirmado consecutivamente em todos os grandes estudos baseados na redução de gorduras, e por conseguinte também de gorduras saturadas (tenha em conta que low-fat = low-sat-fat).
A este respeito, vejamos as páginas 63 e 64 do livro de Anthony Colpo, um dos melhores livros que você alguma vez lerá sobre estes assuntos. Preste bem atenção a estes quadros, que representam cerca de 60 anos e milhões de dólares de apurada investigação científica, tentando provar INUTILMENTE que dietas pobres em gorduras / gorduras saturadas reduzem a incidência de DCV. Sobre o maior destes estudos, o Woman’s Health Initiative, que representou uma estrondosa decepção para os "especialistas" anti-gorduras, experimente ler o artigo do Dr. Ottobonni. Como você já se deve estar a aperceber por esta altura, todos este estudos com redução de gorduras, inclusive saturadas, falharam rotunda e repetidamente no seu objectivo primordial, condenar o consumo de gorduras, à excepção de alguns estudos nórdicos que Colpo explica serem de fraca qualidade.
E quando se verificou alguma redução de mortalidade por DCV foi através de intervenção com dietas ricas em gorduras poliinsaturadas "saudáveis" e pobres em gorduras saturadas "nocivas", como no estudo dos Los Angeles Veterans Administration, mas em que o grupo de intervenção (dieta "low-fat", i.e. pobre em gorduras saturadas) experimentou maior mortalidade por cancro, tendo, ao fim de 8 anos, ambos os grupos tido idêntica mortalidade. Portanto, não se pode dizer que neste caso tenha havido qualquer vantagem em estar no grupo com menos incidência de DCV.
Na prática, os únicos estudos com resultados visíveis na redução de DCV foram os que incluíram mais gorduras de peixe (ómega-3), aumento de antioxidantes (vegetais+fruta), certos suplementos, redução de junk-food, etc. Portanto, os estudos científicos mais importantes e abrangentes da história da Medicina, baseados na redução de gorduras / gorduras saturadas para tentar reduzir DCV, você está a ver agora, nunca provaram nada contra o consumo de gorduras saturadas, absolutamente nada!
Fonte: Campanha anti-gordura animal
da World Heart Federation.
Afinal, não existe ciência em suporte de dietas pobres em gorduras saturadas
Surpresa, surpresa, surpresa, conforme estamos a constatar, simplesmente não existem estudos de intervenção demonstrando causalidade, por mais fraca que seja, entre essa coisa genérica designada "gorduras saturadas" e DCV, apesar de naturalmente se ter verificado diminuição do colesterol associado às manipulações dietéticas em inúmeros desses estudos (hipótese lipídica outra vez na corda bamba!). A conclusão a retirar disto tudo é que se gorduras saturadas fossem efectiva e inequivocamente muito nocivas para o coração, então estudos de intervenção conseguiriam consecutivamente demonstrar claramente essa relação, mas isso não acontece porque não existe um único estudo no mundo a demonstrar que uma vida sequer tenha sido salva por redução de gorduras saturadas.
Eu sei que é muito difícil de acreditar nisto mas, por um momento, olhe para a ciência e não para as opiniões dos médicos ou do lóbie das margarinas. Mas o contrário verifica-se: a substituição de gorduras animais por óleos vegetais ricos em ómega-6, verificada nos estudos The Rose et Al., no Anti-Coronary Club e no Sidney Diet Heart, conduziu a maior mortalidade total, e no Los Angeles Veteran Administration conduziu a maior mortalidade por cancro.
Na página 74 do livro de Anthony Colpo, que de facto é um livro completamente obrigatório para quem está interessado em verdadeira Ciência, e não quer andar aqui a ser enganado por todos estes especialistas modernos, está escrito, preto no branco, o seguinte:
It must again be emplhasized that the dietary interventions studies discussed in this chapter represent sixty years’ worth of intensive sesearch, the expenditure of hundreds of million of dollars in public funds, and an enormous amount of time and effort. The reason this massive undertaking has failled miserably to find any causative role for highly saturated animal fats or tropical fats in the development of CHD should by now be obvious - there is none!
Fonte: The Great Cholesterol Chon,
Anthony Colpo (2006).
E há muito mais gente a dizer o mesmo que aqui está dito. Veja, por exemplo, este artigo: The low fat/low cholesterol diet is ineffective.
Fonte: Campanha anti-gordura animal
da World Heart Federation.
Se gorduras saturadas afinal não são mortais, então só podem ser…
Estamos quase lá. Se não são más, então só podem ser neutras ou saudáveis. Isto é como no totobola: 1 X 2. Mas calma, antes de tirarmos mais qualquer conclusão adicional, pensemos um bocado. Você não vai às compras e pede gordura saturada ao quilo, pois não? Estas gorduras estão sempre associadas a alimentos, por regra de origem animal e tradicionais, como as carnes, queijos e ovos. Portanto, o problema não é assim tão simples quanto isso. É completamente impossível dissociar gorduras saturadas dos alimentos a que estão associados. A não ser no caso de óleos ricos em gorduras saturadas, como o leite/óleo de coco, que por acaso até é uma gordura maravilhosa.
Ou seja, não admira que todos os estudos acima citados tenham falhado pois, ao condenarem gorduras saturadas, associadas a alimentos tradicionais com os quais sempre evoluímos e para os quais o nosso corpo está plenamente adaptado, como a carne, os ovos, queijos e a manteiga, introduziram ao mesmo tempo óleos vegetais que nunca fizeram parte da dieta humana, causando desequilíbrios vários. Não é preciso ser nenhum cientista para entender isto, basta olhar para a evidência e ter bom senso. Por tudo isto é que é tão urgente adoptar-se o paradigma evolucionário no estabelecimento de dietas humanas, aliás como algumas entidades já o estão a fazer.
Voltando ao assunto deste tópico, poderão as gorduras saturadas ser saudáveis? Conforme você terá eventualmente notado, esta comunidade paleo, que gosta muito de gorduras saturadas, tem vindo a estudar o tema e, em simultâneo, a testar as suas convicções nela própria, digamos que com resultados impressionantes em matéria de perfil lipídico. Naturalmente que isso não resulta unicamente das gorduras saturadas, trata-se antes de um estilo de vida onde não existe qualquer preocupação em limitar estas gorduras, mas sim em adoptar dietas low-carb, limitando cereais "saudáveis" de alto IG, aqueles que aparecem na base da pirâmide. Em alguns casos, e aqui falo de Richard Nikoley (Free The Animal), um indivíduo que tem um rácio TG/HDL que o coloca no olimpo anti-DCV, até existe uma certa gala em consumir muitas destas e outras gorduras. Como é que os especialistas explicam este paradoxo, vão dizer que é erro laboratorial das análises clínicas?
Eu ainda não tenho opinião claramente formada sobre a importância das gorduras saturadas na saúde humana, tenho a certeza de que não são de forma alguma nocivas, de que o tema é brutalmente empolado pelos media, e tenho a convicção de que, em face dos vários estudos e opiniões avalizadas que já li, não existe qualquer razão evolucionária/plausível para limitar o consumo de alimentos tradicionais de origem animal, quer eles sejam ricos ou pobres em gorduras saturadas. Em particular, não existe qualquer razão para, por exemplo, cortar as gorduras brancas da carne, trata-se de ácido esteárico (gordura neutra) e existem óptimas razões cientificas para consumir leite/óleo de coco, algo que eu faço com razoável regularidade.
Fonte: Campanha anti-gordura animal
da World Heart Federation.
Gorduras saturadas saudáveis? Mas saudáveis para o coração? Impossível!
A propósito de "gorduras saturadas saudáveis", expressão que eu aqui faço questão de usar regularmente, pelo que de paradoxal ela possa encerrar, apesar de não haver razão alguma para que assim seja pois, como você está a verificar, e também eu concordo consigo, e isto é absolutamente inacreditável, na realidade não existe NENHUM estudo a demonstrar inequivocamente que gorduras saturadas não são saudáveis (por favor alguém apresente-o se conseguir encontrar algum na Pubmed). Mas e o contrário, poderão as gorduras saturadas serem até saudáveis para o coração? Não pode ser, esta pergunta é que é mesmo uma completa heresia, não faz qualquer sentido. Agora é que estamos a entrar no domínio do compelto delírio! Mas apenas por absurdo, e se assim fosse de facto? E se as gorduras saturadas, e/ou os alimentos tradicionais a elas associados, forem efectivamente cardioprotectores?
Eu não vou desenvolver agora este assunto aqui, mas voltarei a ele um destes dias, não vá o seu coração ressentir-se das várias surpresas, e não são poucas, não é, que este artigo já lhe proporcionou. Deixo-lhe, por isso, a sugestão de ler o artigo Effect of a high saturated fat and no-starch diet on serum lipid subfractions in patients with documented atherosclerotic cardiovascular disease e também de acompanhar tudo o que tem vindo a ser escrito recentemente no Animal Pharm, acerca do benefícios de dietas ricas em gorduras saturadas para pacientes com DCV (Tanto quanto sei, este blogue é escrito por um especialista em farmacologia que faz parte do programa Track Your Plaque, com o qual o Dr. William Davis, o "meu" cardiologista on-line favorito, também colabora):
Benefits of High-Saturated Fat Diets In Heart Patients (Part IV)
Benefits of High-Saturated Fat Diets (Part III): My Paleo Peeps With High HDLs
Benefits of High-Saturated Fat Diets (Part II): Centenarians, CETP, TYP Diet Part 3
Benefits of High-Saturated Fat Diets (Part I)
No que respeita a gorduras saturadas, por tudo o acima exposto, faça como a campanha da American Heart Association lhe sugere:
"Abra os Olhos para as Gorduras Saturadas!"
Ligações relacionadas:
Low-fat diet is stupid and dangerous (Colpo)
Saturated fat in ancestral diets (L. Cordain)
Stearic acid, a unique saturated fat
Saturated fat attack (C. Masterjohn)
Saturated fat and health, WHS (1/2)
Saturated fat and health, WHS (2/2)
Effect of a high saturated fat and no-starch diet on serum lipid subfractions in patients with documented atherosclerotic cardiovascular disease
Comparison of low-fat and low-carb on circulating fatty acid composition and markers of inflammation
Dietary fats, carbohydrate, and progression of coronary atherosclerosis in postmenopausal women
Saturated fats: what dietary intake?
The low fat/low cholesterol diet is ineffective
The case for not restricting saturated fat on a low carbohydrate diet
Polyunsaturated fat intake, WHS
Saturated fats and biological functions (Enig)
Comunidade paleo a bombar HDL, com colesterol total em alta, triglicéridos e insulina em baixa, e com dietas ricas em gorduras saturadas saudáveis, de que é óptimo exemplo o óleo de coco (Canibais e Reis)