26 de Novembro, 2008
Diabetes, a mina de ouro da medicina moderna para o século XXI
Autor: O Primitivo. Categoria: Saúde
O tema da diabetes interessa-me bastante, apesar de eu não ser diabético. De qualquer forma, sei que existe uma probabilidade razoável de várias pessoas próximas de mim desenvolverem a doença nos próximos anos, ou eu próprio, pois claro, e por isso procuro estar informado. Os vídeos que constam deste artigo são uma chamada de atenção para uma realidade da civilização que ainda é bastante silenciosa, ensurdecedoramente silenciosa!
O último vídeo, elaborado pela Pfizer Brasil, bastante interessante e didáctico, falha no entanto em vários pontos essenciais: na aceitação da falhada teoria lipídica (ou mito do colesterol) e do mito das gorduras (de preferência saturadas) entupidoras de artérias, na omissão de que os triglicéridos se formam principalmente por excesso de ingestão de HC, e não tanto em resultado da ingestão de gorduras alimentares.
Com todo este ruído de fundo no ar é natural que se perca o foco no essencial para prevenir a diabetes: o controlo glicémico, e consequentemente insulínico. Parece elementar, não é? Se eu sou diabético ou se quero evitar vir a ser, e a diabetes é um distúrbio do metabolismo da glicose, eu deveria focar as minhas atenções essencialmente em reduzir a carga glicémica, para normalizar os níveis de açucar e reduzir riscos de hipoglicémias reactivas, limitando os HC/açúcares.
Infelizmente a maior parte das autoridades de saúde não entende isto, pois rejeita liminarmente as dietas low-carb e recomenda exactamente a pior das soluções: "consuma a maior parte da sua energia por via de HC", ou seja, propõe uma receita desadequada às necessidades das pessoas diabéticas ou candidatas a isso: todos nós (lembra-se de ouvir a recomendação usual de 60% de energia proveniente de HC? Existirá alguma base científica ou sequer cultural para esta recomendação? Alguém sabe explicá-la? Por acaso até se dá o de caso que - surpresa! - os hidratos de carbonos não são fisiologicamente necessários à nossa sobrevivência).
Numa dieta elevada em HC e baixa em gorduras, aquela da pirâmide alimentar, com montes de cereais na sua base, ou a da roda dos alimentos "saudáveis", é mais alta a probabilidade de se verificarem triglicéridos elevados (a partir das 60 mg/dl), que conduzem a mais peso/obesidade, diabetes, aterosclerose, etc. Esta situação deriva justamente desse alto consumo de HC, ou seja, dos amidos/açúcares dos nossos cereais "saudáveis" (trigo/massas, arroz, milho, farinhas, batatas, todo o tipo de pão, etc.), açúcares simples/refinados, etc.
Estas dietas pobres em gorduras fazem aumentar os triglicéridos (risco diabético e cardíaco acrescidos), e também o seu nível elevado de HC desregula os mecanismos de saciedade, conduzindo facilmente a regimes hipercalóricos. Agora você já entende melhor como, seguindo as actuais recomendações nutricionais oficiais, é tão fácil engordar?
Vale a pena repetir a ideia acima, para não restarem dúvidas: "Os triglicéridos resultam, ao contrário do que as pessoas pensam, não de comer gorduras, mas são produzidos a partir de açúcares e amidos. Por isso, quando alguém toma um pequeno almoço ’saudável para o coração’ com cereais, leite magro e remata com um sumo de laranja, está na realidade a ingerir as gorduras que irão entupir as suas artérias". Esta última frase, algo chocante, está em itálico porque não é de minha autoria. Fui buscá-la para que quem lê este texto não tenha de acreditar em mim. É extraída de uma extrevista do Dr. Steven R. Gundry, cirurgião cardiovascular americano, que você pode ouvir aqui (atenção ao trecho 9-11min), no podcast de Jimmy Moore.
Em cima de toda esta confusão, gerada por autoridades de saúde desinformadas e por publicidade pouco escrupulosa, alimentada por cientistas despreocupados de produzir ciência mas somente em ganhar mais uns cobres, consentida por autoridades reguladoras e de defesa do consumidor inoperantes, ainda restará espaço para alguém chegar e dizer: "coma mais e melhores gorduras e reduza os HC na sua dieta; com isto conseguirá baixar os triglicéridos, melhorar o metabolismo da glucose e diminuir a insulina; promover a lipólise e reduzir o seu peso; prevenir várias doenças hiperinsulinémicas da civilização, nomeadamente a diabetes, doença cardiovascular, cancros, etc."?
Para a medicina moderna, que faz questão de se apoiar cómoda e indefinidamente no mito do colesterol (*), para manter de pé o seu império das estatinas, não interessa mudar nada. Afinal, para quê recomendar uma dieta low-carb para diabéticos e população em geral? Para se perderem uns tantos milhares de "clientes" do serviço nacional de saúde? Afinal, a diabetes até é uma espécie de "mina de ouro" para a medicina moderna do século XXI, tal como nos explica o Dr. William Davis, médico cardiologista americano! Pasmemo-nos meus caros amigos: quando são os próprios médicos a exporem os vícios do actual sistema de saúde (ou será sistema de doença?) desta forma é porque algo corre mal, verdadeiramente muito mal para o lado dos potenciais utilizadores desse sistema: todos nós!
(*) - A propósito do colesterol causador de doença cardiovascular, impõem-se a pergunta: se o colesterol é um assassino do coração assim tão perigoso, qual a razão de ter sido preterido no estudo Jupiter, o maior estudo deste tipo, a favor da proteína C-reactiva, sendo esta um mero marcador genérico de estados inflamatórios? O colesterol final do grupo das estatinas de facto diminuiu (aplicando a fórmula de Friedewald, para cerca de 125 mg/dl), mas para valores algo baixos, aos quais estão associados maior mortalidade.